9 de ago. de 2008

Empresas planejam tirar o plugue da internet livre

Usuários da web desinformados sobre a agenda para transformar a Internet em um modelo de televisão a cabo regulamentado.

Paul Joseph Watson - Prison Planet
Terça, 12 de Junho de 2008

A Internet é o último, verdadeiro e desregulamentado posto avançado da liberdade de expressão, mas estão movendo-se para abafar, sufocar, controlar e eventualmente tirar o plugue da Rede Mundial tal como a conhecemos. Estas ameaças não estão escondidas nem são difíceis de deduzir mas um significante número de usuários da Internet ainda permanecem desinformados sobre seu alcance.

Apesar de muitos questionarem a autenticidade de um relatório alegando que os ISP's¹ tinham resolvido restringir a Internet a um modelo de assinatura como o da TV à cabo onde os usuários serão obrigados a pagar para visitar os sites corporativos selecionados em 2012, enquanto os outros serão bloqueados, a marcha rumo a regulamentação da Internet está clara e documentada.

Nós temos advertido sobre o plano para deixar a velha Internet morrer e substituí-la por uma restrita e controlada Internet 2 em alguns anos. Em 2006, publicamos um artigo sobre como a RIAA estava tentando alargar as distinções de propriedade intelectual a um ponto em que simplesmente clicar em um link para conteúdo externo será sentenciado como infração de direitos autorais.

Naquela época, o artigo foi recebido de diferentes maneiras. Muitos estavam cientes dos iminentes perigos que ameaçam mudar a face da Internet, mas outros eram mais hostis à suposição de que a Rede Mundial poderia ser devastada, sendo o caso dos direitos autorais o marco predominante, como planejam para desenvolver a "Internet 2".

Alguns acusaram-nos de jornalismo amarelo e alarmismo ainda que o aviso de que o caso Elektra vs Barker poderia criminalizar o próprio mecanismo que caracteriza a Internet não tenha sido concebido por Alex Jones ou Paul Joseph Watson, e sim uma declaração feita pelo próprio advogado atuante no caso , Ray Beckerman.

Foi um perigo relatado também por um dos maiores sites de novidades tecnológicas do Reino Unido , The Inquirer, que também destacou o assustador desdobramento em um artigo intitulado : RIAA quer desligar a Internet.

O argumento da RIAA foi de que o acusado Tenise Barker fez o download de arquivos de música e disponibilizou-os, pelo fato de terem sido colocados em uma pasta compartilhada. Embora Barker tenha pago pelos arquivos, feito o download legalmente e os arquivos não tenham sido copiados por ninguém, a resolução da RIAA declara que simplesmente tornar os arquivos disponíveis constitui infração de direitos autorais.


Tal como assinala Beckerman, toda a Internet nada mais é do que uma gigantesca rede interligada que torna os arquivos “disponíveis” para outras pessoas. Se direcionarmos um link para CNN.com, estamos tornando os arquivos que constituem a página da CNN "disponíveis" para outros usuários. Não possuímos direitos autorais para nenhuma das matérias da CNN, portanto, se o argumento da RIAA for aceito, apenas tornar os arquivos da CNN disponíveis a partir de nosso site, mesmo se ninguém clicar no link, estaremos cometendo uma violação de direitos autorais.

Em nenhum ponto do nosso artigo sugerimos que a decisão iria definitivamente encerrar a Internet, nós destacamos o fato de que centenas de empresas multinacionais como a Amazon.com que contam somente com o comércio na Internet seriam assassinadas sangrentamente. Mas o que a decisão significa é uma mudança rumo a uma Internet estritamente regulamentada pelo governo em que seria necessária uma permissão para executar um site da Internet , e que o mesmo poderia ser censurado e apagado caso violasse algum dos "termos de uso."

Este não seria um problema para as gigantescas empresas multinacionais, porque os seus sites permaneceriam acessíveis para todos. Já para os milhares de sites e blogs políticos, o plugue poderia ser efetivamente arrancado da tomada.

Depois de uma longa batalha jurídica, o caso Elektra vs Barker foi decidido em grande parte, em favor de Elektra, depois de um juiz federal ter essencialmente validado a posição da RIAA de que ter músicas disponíveis em uma pasta compartilhada do KaZaA viola o direito de distribuição da Lei de Direitos Autorais.

O exemplo que citamos de como seria a vida na "Internet 2" foi de que ter um blog será como ter uma conta no You Tube - qualquer informação politicamente controversa ou sensível de que os donos não gostassem será removida imediatamente como tem acontecido frequentemente no You Tube.

Além disso, indo rumo ao modelo de Internet licenciada que será vendido, o medo de se ter fraudes de identificação ou de se ter clonado o número do cartão de crédito poderá ser usado para nos levar ao uso obrigatório de algum sistema de identificação biométrica para que simplesmente possamos acessar a Rede Mundial.

Esta é uma dura, mas verossímil extensão da imaginação, uma vez que muitos serviços públicos e outros da sociedade civil são cada vez mais acessíveis somente através de alguma forma de identificação biométrica. Créditos de viagem, terminais ATM e de acesso aos parques temáticos como a Disneylândia são apenas alguns dos muitos serviços que usamos onde agora é obrigatório o uso de sistemas biométricos de identificação.

Além disso, a Pay By Touch Online e outras empresas já desenvolveram e lançaram terminais de teclado para identificação de impressão digital que exigem que os usuários submetam as suas impressões digitais antes de poderem acessar à Internet ou fazer compras on-line.

Sustentando de forma suja o indefinido debate sobre a Rede, a Internet 2 está sendo projetada para substituir a antiga Internet, que será deixada para se auto-destruir, uma vez que sob pressão por ter sido relegada para conexões cada vez mais lentas os usuários simplesmente desistirão de utilizá-la.


Mais de dois anos atrás, em um artigo intitulado, “ O Fim da Internet ? ", The Nation Magazine reportou :
"As maiores companhias de telefonia e de TV a cabo da nação estão articulando um alarmante conjunto de estratégias que podem transformar a livre, aberta e indiscriminada Internet de hoje em um serviço de caráter privativo e controlado que irá cobrar uma taxa para praticamente tudo o que fizermos on-line."

"A Verizon, Comcast, Bell South e outros gigantes da comunicação estão desenvolvendo estratégias para que possam acompanhar e armazenar informações sobre cada um dos nossos movimentos no ciberespaço em um vasto sistema de propaganda e coletânea de dados no âmbito do qual poderia rivalizar até com a Agência de Segurança Nacional (NSA). De acordo com informações que correm nas indústrias de tv a cabo, telefonia e telecomunicações, aqueles com as maiores verbas - corporações, grupos de interesses especiais e grandes anunciantes - teriam um tratamento preferencial. O conteúdo destes fornecedores teriam prioridade em nossos computadores e telas de TV, enquanto que as informações vistas como indesejáveis, tais como tráfego de redes ponto-a-ponto,poderiam ser afastadas para uma faixa lenta ou simplesmente excluídas. "

A Internet 2 está sendo vendida como a próxima geração da Rede Mundial e que já estabeleceu recordes mundiais de velocidade, em termos de transmissão de dados, muito superiores as da velha Internet.

Um dos pais da internet, David Clark, que serviu como arquiteto-chefe de protocolo na iniciativa governamental de desenvolvimento da Internet na década de 1980, recebeu $ 200.000 da Fundacão Nacional de Ciência para secretamente trabalhar em uma " infra-estrutura completamente nova para substituir a atual Rede Mundial ", segundo a revista Wired.

Clark tem prometido criar um " admirável mundo novo " na concepção da nova Internet, caracterizando o que ele quer que a nova rede seja : " uma arquitetura de segurança coerente. "

Articulado junto com o aparecimento da Internet 2 estão as campanhas de propaganda do governo objetivando demonizar a Internet atual como sendo um selvagem abrigo para os crimes de ódio, para a pornografia infantil e um território para recrutamento de terroristas.

Entidades e Fundações suspeitas junto com seus bajuladores tem aumentado o nível da sua sarcástica retórica contra a Internet nos últimos anos, assim como a legislação nos EUA e Europa para regulamentar, licenciar e sufocar a Internet avança fortemente.

A Casa Branca recentemente tornou pública sua estratégia para " ganhar a guerra contra o terror " : atacar as teorias conspiratórias existentes na Internet como se fossem um território de recrutamento de terroristas e ameaçá-las para " minimizar " a sua influência.

Além disso, o Pentágono anunciou recentemente o seu esforço de infiltração na Internet como uma forma de apoio para a guerra contra o terror.

Num discurso em Outubro de 2006, o diretor de Segurança Interna ², Michael Chertoff identificou a Internet como um "campo de formação de terroristas", através da qual "pessoas desleais vivendo nos Estados Unidos" estão desenvolvendo “ideologias radicais e habilidades potencialmente violentas.”

Chertoff prometeu o envio de agentes da Segurança Interna ² para departamentos da polícia local, a fim de ajudar na apreensão dos terroristas domésticos que utilizam a Internet como ferramenta política.

A União Européia, liderada pelo ex-stalinista e potencial futuro Primeiro-Ministro britânico, John Reid, também tem se dedicado a “ desligar terroristas " que utilizam a Internet para espalhar propaganda.

Os perigos para nossa liberdade e a própria existência da Internet como conhecemos são de fato reais e a maneira de contrariar esta evolução é procurar se informar cada vez mais e divulgar para todos. Simplesmente enterrando nossas cabeças na areia e ficando apáticos e ingênuos sobre esta ameaça apenas ajudará aqueles que desejam ver o último posto avançado da liberdade de expressão calado para sempre.

¹ Internet Service Providers / Provedores de Acesso à Internet
² Homeland Security Department / Orgão Governamental dos EUA