13 de mai. de 2008

Metas do Milênio serão alcançadas em 267 anos

Metas do Milênio serão alcançadas com 267 anos de atraso com as políticas atuais, diz relatório
Brasília - Os parâmetros definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a eliminação da pobreza até 2015, as chamadas Metas do Milênio, só serão alcançados 267 anos mais tarde caso as políticas econômicas e sociais da maioria dos países não sofram profundas modificações. Esta é a conclusão do relatório mundial "Arquitetura da Exclusão", divulgado hoje (15), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, o Ibase.O relatório, elaborado por mais de 400 organizações da sociedade civil em 60 países, aponta que, ao contrário do que propõe a ONU, o estabelecimento de uma parceria mundial para o desenvolvimento das nações não vem sendo cumprido de fato.
O estudo revela que embora exista uma “crença disseminada de que os países ricos transferem quantias substanciais de recursos para as nações pobres, a cada ano centenas de bilhões de dólares saem dos países pobres para os ricos”.De acordo com a pesquisadora do Ibase, Fernanda Carvalho, coordenadora do relatório no Brasil, a estimativa é de que a cada dólar destinado aos países pobres, outros dez dólares saem dessas nações sob a forma de pagamento de juros, amortização de dívida, transferência do setor privado, remessa de lucros para o exterior e fuga de capitais muitas vezes para paraísos fiscais.“O caminho dos recursos está sendo inverso ao que todos esperam. É como água subindo a montanha.
Apesar de haver algum volume saindo dos países mais ricos para os mais pobres, sob a forma de ajuda, empréstimos e investimentos diretos, a saída dos países mais pobres é muito maior”, disse Fernanda.De acordo com ela, o relatório revela ainda um crescimento considerável de paraísos fiscais, geralmente em países mais desenvolvidos. Fernanda afirma que, atualmente, a maioria das transações comerciais e financeiras passa por esses paraísos, que configuram um grande canal de saída de recursos que seriam fundamentais para o desenvolvimento das nações mais pobres.